Sementes de cannabis são enviadas ao espaço em missão histórica do projeto Martian Grow

Pesquisadores de diversos países iniciaram um experimento pioneiro ao enviar sementes de cannabis ao espaço. A iniciativa faz parte do Martian Grow, um projeto internacional de biotecnologia e exploração espacial que busca entender como a planta de cannabis se adapta a ambientes extremos, como a microgravidade e a radiação cósmica. A missão representa um avanço inédito após décadas de restrições impostas à pesquisa científica da cannabis, com foco no desenvolvimento de variedades mais resistentes e adaptáveis para uso na Terra e fora dela.
O lançamento oficial aconteceu no dia 23 de junho de 2025, a partir da base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia (EUA). As sementes foram transportadas dentro da cápsula biológica MayaSat-1, desenvolvida pelo Genoplant Research Institute, da Eslovênia, e levadas ao espaço por um foguete Falcon 9 da SpaceX. A cápsula permaneceu cerca de três horas em órbita terrestre baixa, completando três voltas ao redor do planeta, onde foi exposta à radiação cósmica intensa e à ausência de gravidade. Após a missão, o módulo foi recuperado no Oceano Pacífico, próximo ao Havaí.
O experimento está dividido em três fases principais. A primeira envolveu o envio das sementes ao espaço para análise de possíveis mutações genéticas. A segunda fase será realizada em laboratório, com o cultivo das sementes em solo artificial com composição semelhante ao solo de Marte, permitindo testar sua adaptabilidade e resistência em um ambiente hostil. Na terceira etapa, clones da planta serão cultivados em condições de gravidade reduzida, com foco na observação do desenvolvimento das raízes, produção de biomassa e expressão genética.
Segundo Božidar Radišič, cientista esloveno responsável pelo projeto, o Martian Grow é uma pesquisa independente, sem vínculos com grandes indústrias farmacêuticas ou interesses financeiros. O objetivo é promover ciência aberta e colaborativa, guiada pela curiosidade e pelo desejo de expandir o conhecimento humano sobre a biologia da cannabis e seu potencial agrícola no espaço. Todos os dados coletados serão disponibilizados ao público.
Nos próximos dois anos, os cientistas irão acompanhar o comportamento das sementes expostas ao ambiente espacial, avaliando possíveis melhorias em resistência a doenças, perfil bioquímico e capacidade de adaptação a ambientes extraterrestres. O projeto abre caminhos promissores para a agricultura espacial, com aplicações futuras em colônias fora da Terra, além de gerar impactos positivos no desenvolvimento de cultivos mais eficientes e sustentáveis aqui no planeta.