Satélites Starlink antes do lançamento. (SpaceX)Satélites Starlink antes do lançamento. (SpaceX)

A constelação de satélites Starlink, operada pela SpaceX, está no centro de uma crescente disputa geopolítica. Segundo um relatório divulgado recentemente pela organização independente Secure World Foundation (SWF), Rússia e China vêm investindo em tecnologias de guerra espacial com foco na neutralização de satélites, especialmente os utilizados pela Ucrânia desde o início da invasão russa, em 2022.

O documento, com 316 páginas, avalia as capacidades contraespaciais de 12 países entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, destacando como o uso militar da Starlink tornou a rede um alvo estratégico. A constelação foi essencial para manter a conectividade civil e militar ucraniana após a destruição parcial da infraestrutura terrestre, mas passou a sofrer interferências a partir de maio do ano passado.

A SWF afirma que a Rússia estaria utilizando sistemas como o Tobol, projetado originalmente para proteger satélites próprios contra interferência, para tentar bloquear os sinais da Starlink sobre a Ucrânia. Um novo sistema, o Kalinka, também está em desenvolvimento e teria como objetivo rastrear e interromper comunicações por meio da Starlink e de sua versão militar, a Starshield.

Além disso, a Rússia foi responsabilizada por bloquear sinais de GPS em países como França, Suécia, Holanda e Luxemburgo, e por invadir transmissões de canais infantis com imagens da guerra. As interferências teriam origem em estações localizadas em Moscou, Kaliningrado e Pavlovka, segundo a União Internacional de Telecomunicações.

A China também tem avançado nesse campo. Em 2024, pesquisadores da Marinha chinesa propuseram o uso de submarinos com lasers embarcados e mastros retráteis para atacar satélites como os da Starlink. Ainda que a detecção de alvos exija apoio externo, o plano revela o grau de interesse do país em operações orbitais com fins militares.

Apesar das tentativas de interferência, o relatório observa que, até fevereiro de 2025, a Starlink continua demonstrando resiliência frente a ciberataques. Ainda assim, o crescimento das capacidades contraespaciais reforça os alertas sobre os riscos de um futuro conflito em órbita — cujos impactos, alertam os autores do relatório, seriam sentidos por toda a população terrestre.

By Luiz Milani

Biomédico, mestrando em Biotecnologia e entusiasta da exploração espacial

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