Novos vírus gigantes descobertos nos oceanos revelam controle da fotossíntese em algas

Cientistas identificaram mais de 200 novos vírus gigantes nas águas oceânicas, revelando que esses organismos influenciam profundamente os ecossistemas marinhos e possuem a capacidade de manipular a fotossíntese em algas. Esses vírus, antes pouco conhecidos e quase invisíveis para a ciência, foram descobertos graças ao uso de supercomputadores avançados e da ferramenta inovadora BEREN. A análise detalhada desses vírus abre novas possibilidades para prever eventos nocivos de florescimento de algas, além de estimular pesquisas para aplicações biotecnológicas baseadas nas enzimas inéditas encontradas em seus genomas.
Os vírus gigantes infectam protistas marinhos unicelulares, como algas, amebas e flagelados, que formam a base das cadeias alimentares oceânicas. Por estarem diretamente ligados à saúde dessas populações fundamentais, esses vírus exercem grande influência sobre a dinâmica dos ecossistemas marinhos. Além disso, eles podem aumentar os riscos à saúde pública ao favorecerem o surgimento de florescimentos tóxicos de algas, fenômeno que tem causado impactos ambientais e econômicos significativos em diversas regiões costeiras. Compreender o papel e a diversidade desses vírus é, portanto, essencial para aprimorar o monitoramento e a gestão ambiental dessas áreas.
Para realizar essa descoberta, os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas de computação para analisar grandes conjuntos de dados públicos de DNA metagenômico coletados em diferentes partes do oceano. Dessa forma, identificaram 230 vírus gigantes inéditos, além de catalogar 530 novas proteínas funcionais, entre elas nove relacionadas diretamente à fotossíntese. Esses achados indicam que os vírus possuem a capacidade de alterar processos metabólicos importantes nos organismos que infectam, impactando a biogeoquímica marinha e a produtividade dos ecossistemas aquáticos.
Um dos grandes avanços dessa pesquisa foi o desenvolvimento da ferramenta BEREN, criada para superar as limitações das metodologias anteriores na detecção de vírus gigantes. Essa ferramenta bioinformática foi utilizada em conjunto com o supercomputador Pegasus, da University of Miami, possibilitando o processamento e a montagem de metagenomas de alta complexidade, muitas vezes superiores a um gigabase por amostra. Esse processo facilitou a reconstrução detalhada das comunidades microbianas presentes em ambientes oceânicos diversos, ampliando significativamente o conhecimento sobre a biodiversidade viral marinha.
Publicada na revista Nature npj Viruses, esta pesquisa representa um avanço significativo na compreensão da diversidade e das funções dos vírus gigantes nos oceanos. Além de disponibilizar uma ferramenta pública para futuras investigações, os resultados apontam para a possibilidade de desenvolver novos métodos de monitoramento ambiental e biotecnologias inovadoras baseadas nas enzimas encontradas nesses vírus. Isso reforça a importância dos vírus gigantes não apenas para a saúde dos ecossistemas marinhos, mas também para o avanço da ciência aplicada e da biotecnologia.
Mais informações: https://news.miami.edu/rosenstiel/stories/2025/06/scientists-discover-230-new-giant-viruses-that-shape-ocean-life-and-health.html