Galáxia vizinha pode estar sendo destruída pela força gravitacional de companheira maior, aponta estudo japonês

Cientistas da Universidade de Nagoya, no Japão, identificaram sinais de que a Pequena Nuvem de Magalhães (PNM), uma galáxia vizinha da Via Láctea, pode estar sendo gradualmente desintegrada pela força gravitacional da Grande Nuvem de Magalhães (GNM), sua companheira maior. A descoberta foi feita com base na análise do movimento de cerca de 7 mil estrelas massivas na PNM, revelando um padrão inusitado e assimétrico.

Segundo os pesquisadores, essas estrelas, com mais de oito vezes a massa do Sol, estão se movendo em direções opostas nos dois lados da galáxia: algumas se aproximando da GNM e outras se afastando. Esse comportamento sugere que a PNM está sendo esticada e deformada pela força gravitacional da galáxia maior, um processo que pode levá-la à fragmentação ao longo do tempo.

Um fato inesperado foi a ausência de movimento de rotação entre essas estrelas. Ao contrário do que ocorre na Via Láctea, onde estrelas jovens normalmente acompanham o giro do gás interestelar que as formou, na PNM não há sinais de rotação conjunta. Isso indica que nem o gás da galáxia está girando, o que desafia modelos anteriores sobre sua dinâmica interna.

Essa ausência de rotação pode significar que estimativas anteriores sobre a massa e a trajetória histórica da PNM precisam ser revistas, especialmente em relação às interações passadas com a GNM e a própria Via Láctea. A nova compreensão pode alterar o que sabemos sobre os efeitos gravitacionais entre galáxias vizinhas.

Como a PNM tem características semelhantes às galáxias do início do universo — como baixa metalicidade e gravidade fraca —, ela serve como um modelo valioso para estudar a evolução galáctica. A pesquisa fornece uma rara oportunidade de observar com detalhes como a interação gravitacional entre galáxias pode influenciar o nascimento de estrelas e a transformação estrutural de galáxias inteiras.

Além disso, os cientistas destacam que a proximidade da PNM e da GNM com a Terra permite um nível de observação detalhado que não é possível em outras galáxias. Como não conseguimos ter uma visão externa da própria Via Láctea, essas galáxias vizinhas funcionam como laboratórios naturais para estudar os efeitos da gravidade nas estruturas galácticas. Com esses dados, é possível compreender melhor como galáxias interagem, se fundem ou se despedaçam ao longo do tempo cósmico — um processo que molda o universo desde seus primórdios.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.