Descoberta do Telescópio James Webb desafia teorias sobre o universo primitivo

O Telescópio Espacial James Webb fez uma descoberta surpreendente que desafia as teorias sobre o universo primitivo. Uma equipe internacional de astrônomos identificou uma forte emissão de hidrogênio em uma galáxia extremamente distante, que existia apenas 330 milhões de anos após o Big Bang. O achado levanta novas questões sobre como essa luz conseguiu atravessar a densa névoa de hidrogênio neutro que preenchia o espaço nessa época.

A galáxia, batizada de JADES-GS-z13-1, foi observada pelo Webb através da câmera de infravermelho NIRCam, no âmbito do programa JADES (James Webb Space Telescope Advanced Deep Extragalactic Survey). A equipe de cientistas analisou seu desvio para o vermelho – uma medida da distância com base no alongamento da luz causado pela expansão do universo – e confirmou que essa galáxia pertence a um período extremamente remoto da história cósmica.

Para validar a descoberta, os pesquisadores usaram o espectrógrafo NIRSpec, que confirmou um desvio para o vermelho de 13. O que mais chamou atenção, porém, foi a detecção inesperada de uma forte emissão na linha Lyman-alfa do hidrogênio. Esse tipo de radiação, em teoria, deveria ter sido bloqueado pela densa camada de hidrogênio neutro que dominava o universo naquela época.

“Acreditávamos que a luz ultravioleta de galáxias tão antigas não conseguiria atravessar o gás denso do universo jovem”, explicou Roberto Maiolino, da Universidade de Cambridge. “Mas JADES-GS-z13-1 apresenta uma assinatura clara dessa emissão, o que sugere que algumas regiões podem ter se tornado transparentes muito antes do que imaginávamos.”

A descoberta tem implicações significativas para o entendimento do processo de reionização cósmica, quando a luz das primeiras estrelas começou a transformar o hidrogênio neutro em plasma ionizado. Os cientistas agora buscam explicações para o fenômeno, considerando a possibilidade de que a galáxia abriga estrelas extremamente quentes e massivas ou um buraco negro supermassivo em atividade.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature e reforçam o papel do Telescópio Webb na revolução da astronomia. A missão, liderada pela NASA em parceria com a ESA (Agência Espacial Europeia) e a CSA (Agência Espacial Canadense), continua a explorar os mistérios do universo e a redefinir o que sabemos sobre suas origens.

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