Astrônomos revelam sistema com cinco planetas potencialmente habitáveis a 35 anos-luz da Terra

Pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, realizaram um importante avanço na busca por mundos habitáveis fora do Sistema Solar. Em um trabalho recente, foi confirmado que o sistema planetário L 98 59, localizado a aproximadamente 35 anos-luz de distância da Terra, abriga um quinto planeta até então desconhecido. O novo corpo celeste, denominado L 98 59 f, encontra-se em uma zona orbital considerada favorável à presença de água líquida, condição essencial para o surgimento e a manutenção da vida como conhecemos.
O planeta recém-descoberto foi classificado como uma super-Terra, termo utilizado para descrever exoplanetas com massa e tamanho superiores aos da Terra, mas ainda com características comparáveis. Apesar de orbitar mais rapidamente, levando apenas 23 dias para completar uma volta em torno de sua estrela, o L 98 59 f recebe um nível de radiação semelhante ao que nosso planeta recebe do Sol, o que o coloca entre os candidatos promissores na busca por ambientes habitáveis fora do nosso sistema.
A detecção do planeta não se deu por métodos tradicionais como o trânsito, no qual a passagem do planeta em frente à estrela reduz levemente o brilho observado. Em vez disso, os astrônomos utilizaram dados dos espectrógrafos HARPS e ESPRESSO, localizados no Observatório Europeu do Sul, para identificar pequenas oscilações no movimento da estrela central. Essas variações são causadas pela força gravitacional exercida pelos planetas ao seu redor, um método conhecido como velocidade radial. Ao integrar essas informações com os dados colhidos pelo satélite TESS, da NASA, e pelo Telescópio Espacial James Webb, a equipe conseguiu refinar os cálculos e caracterizar de forma precisa a massa, o raio e as propriedades principais dos cinco planetas do sistema.
Um dos aspectos mais empolgantes dessa descoberta está na possibilidade de o L 98 59 f possuir uma atmosfera detectável. Caso ela exista, o Telescópio James Webb poderá identificar traços de compostos como vapor d’água, dióxido de carbono e, potencialmente, outros marcadores químicos associados à presença de vida. A eventual confirmação de tais sinais transformaria esse sistema em um dos mais relevantes já encontrados no campo da astrobiologia.
O astrônomo Charles Cadieux, principal responsável pelo estudo, destacou o impacto científico da descoberta. Segundo ele, encontrar um planeta com temperaturas amenas em um sistema tão compacto reforça a complexidade e diversidade dos sistemas planetários espalhados pela galáxia. Além disso, ele ressaltou a importância de continuar investigando planetas em torno de estrelas de baixa massa, que representam a maioria das estrelas da Via Láctea e podem abrigar uma grande variedade de mundos ainda inexplorados.
Os resultados detalhados da pesquisa devem ser publicados em breve na The Astronomical Journal, uma das mais prestigiadas revistas científicas na área da astronomia.