Indícios de água líquida em Marte descobertos em dados sísmicos

A imagem mostra o módulo InSight da NASA com seus instrumentos científicos, destacando o sismômetro SEIS no canto inferior esquerdo. Crédito: Ikuo Katayama.

Pesquisadores analisaram dados sísmicos do instrumento SEIS, instalado na superfície de Marte pelo módulo InSight da NASA, para investigar a estrutura interna do planeta e possíveis indícios de água subterrânea. O estudo identificou variações na velocidade das ondas sísmicas a 10 km e 20 km de profundidade, sugerindo mudanças significativas no subsolo marciano.

As ondas P e S, utilizadas na análise, reagem de forma diferente conforme o meio. Enquanto as ondas S não atravessam a água, as ondas P alteram sua velocidade conforme a densidade do material. Os cientistas interpretaram essas variações como possíveis rachaduras preenchidas por água líquida no subsolo de Marte.

Para testar essa hipótese, recriaram as condições do solo marciano em laboratório, usando rochas suecas semelhantes à crosta de Marte. Mediram a propagação das ondas sísmicas em amostras secas, úmidas e congeladas, concluindo que os dados da InSight são mais compatíveis com a presença de água líquida do que com variações estruturais ou químicas.

Essa descoberta reforça a possibilidade de que Marte ainda abriga água líquida subterrânea, aumentando as chances de encontrar vida microbiana. No entanto, acessar essa água será desafiador, pois está em grande profundidade. Regiões geologicamente ativas, como Cerberus Fossae, podem ser exploradas, já que processos naturais poderiam trazer água à superfície.

Além disso, os pesquisadores destacam que a existência de água líquida subterrânea em Marte pode criar um ambiente favorável para a vida microbiana. Como muitos microrganismos na Terra sobrevivem em condições extremas, como em aquíferos profundos ou dentro de rochas, há a possibilidade de que formas de vida similares possam existir no subsolo marciano. A descoberta reforça a importância de futuras missões que possam investigar diretamente essas regiões, utilizando perfuração e análise in loco para confirmar a presença de água e procurar possíveis bioassinaturas.

Mais informações: https://pubs.geoscienceworld.org/gsa/geology/article/52/12/939/648640/Seismic-discontinuity-in-the-Martian-crust

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