Estudo do Telescópio James Webb revela padrão surpreendente na rotação de galáxias no universo profundo

Imagens do JWST mostram galáxias espirais que giram na mesma direção (vermelho) e na direção oposta (azul) em relação à Via Láctea. (DOI: 10.1093/mnras/staf292.)
Um estudo recente publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society revelou uma observação intrigante sobre a rotação das galáxias no universo profundo. O pesquisador Lior Shamir, da Universidade Estadual do Kansas, analisou imagens captadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) e constatou que a maioria das galáxias observadas gira no mesmo sentido.
A análise de 263 galáxias nítidas do campo JADES (JWST Advanced Deep Extragalactic Survey) mostrou que aproximadamente dois terços delas giram no sentido horário, enquanto apenas um terço gira no sentido anti-horário. O JADES é um dos principais levantamentos do JWST, focado no estudo de galáxias extremamente distantes para entender sua formação e evolução no início do universo. Esse padrão inesperado contraria a ideia de um universo aleatório, no qual se esperaria uma distribuição equilibrada entre os dois sentidos de rotação.
Shamir propõe duas possíveis explicações para esse fenômeno. A primeira hipótese sugere que o universo pode ter se formado com um movimento de rotação inerente, o que estaria alinhado com teorias como a cosmologia de buracos negros. Se isso for verdade, indicaria que os modelos atuais do cosmos ainda estão incompletos.
A segunda possibilidade envolve o efeito Doppler, que poderia aumentar a luminosidade das galáxias que giram no sentido oposto ao da Terra, tornando-as mais visíveis para o JWST. Caso essa explicação esteja correta, os astrônomos podem precisar recalibrar as medições de distância no universo profundo. Essa revisão poderia, inclusive, ajudar a esclarecer questões cosmológicas ainda sem resposta, como as discrepâncias nas taxas de expansão do universo e a existência de galáxias que, segundo as medições atuais, parecem ser mais antigas do que o próprio cosmos.
Mais informações em: https://academic.oup.com/mnras/article/538/1/76/8019798?login=false