Usando o satélite TESS da NASA, um grupo internacional de astrônomos detectou três novos exoplanetas do tipo Júpiter quente orbitando estrelas anãs K localizadas a centenas de anos-luz da Terra. Essa descoberta foi relatada em um estudo recente publicado no servidor de pré-impressão arXiv, e amplia significativamente nosso conhecimento sobre esse tipo específico de planeta gasoso. Desde o início da missão em 2018, o TESS tem como objetivo principal monitorar aproximadamente 200 mil das estrelas mais brilhantes do céu, utilizando quatro câmeras para detectar exoplanetas por meio do método de trânsito, quando o planeta passa em frente à estrela e causa uma leve diminuição no brilho observado. Até agora, o TESS já identificou cerca de 7600 candidatos a exoplanetas, sendo que 632 deles foram oficialmente confirmados por meio de observações adicionais.

Os três novos planetas foram encontrados ao analisar as curvas de luz de três estrelas anãs K chamadas TOI 2969, TOI 2989 e TOI 5300, situadas a distâncias de aproximadamente 530, 635 e 530 anos-luz, respectivamente. A equipe, liderada por Yolanda Frensch, do Observatório de Genebra, utilizou tanto os dados do TESS quanto observações complementares realizadas com telescópios terrestres para confirmar que os sinais detectados eram de fato causados por planetas. Esses exoplanetas fazem parte da classe dos Júpiteres quentes, que são gigantes gasosos com massas comparáveis à de Júpiter, mas que orbitam suas estrelas muito mais de perto, o que os expõe a temperaturas extremamente altas.

Entre os três planetas, TOI 2989 b é o mais massivo, com cerca de três vezes a massa de Júpiter e um raio de 1,12 vezes o de Júpiter. Sua densidade é de 2,7 gramas por centímetro cúbico, e ele completa uma órbita ao redor de sua estrela a cada 3,12 dias, a uma distância de apenas 0,038 unidades astronômicas. Sua temperatura de equilíbrio, calculada com base na proximidade da estrela, é estimada em cerca de mil kelvin. Já TOI 2969 b tem um raio cerca de 10 por cento maior que o de Júpiter e é 16 por cento mais massivo, resultando em uma densidade média de 1,1 grama por centímetro cúbico. Ele orbita sua estrela a cada 1,82 dias, a uma distância de 0,026 unidades astronômicas, e tem uma temperatura estimada em 1186 kelvin. Por fim, TOI 5300 b é o menor e menos massivo entre os três, com um raio de 0,88 e uma massa de apenas 0,6 vezes a de Júpiter. Sua densidade é semelhante à de TOI 2969 b, e ele completa uma órbita a cada 2,26 dias, a uma distância de 0,029 unidades astronômicas, com temperatura de equilíbrio de 1043 kelvin.

Com base nas propriedades físicas e orbitais observadas, os cientistas classificaram os três planetas como Júpiteres quentes não inflados. Isso significa que, apesar da exposição a altas temperaturas devido à proximidade de suas estrelas, esses planetas não apresentam as atmosferas expandidas que são comuns em muitos outros Júpiteres quentes. Um aspecto especialmente interessante revelado pela análise foi a estimativa de que esses planetas possuem grandes quantidades de elementos pesados em seus interiores, em níveis significativamente mais altos do que outros planetas similares orbitando estrelas do mesmo tipo. Essa característica sugere uma diversidade maior na composição e na formação desses mundos do que se imaginava anteriormente.

Os autores do estudo destacam que os três exoplanetas representam alvos promissores para pesquisas futuras, especialmente no campo da caracterização atmosférica. TOI 2969 b, em particular, se mostra o candidato mais interessante para esse tipo de investigação, por reunir características físicas e orbitais que o tornam ideal para estudos com telescópios mais potentes. Esses estudos podem fornecer informações cruciais sobre a composição química, a estrutura atmosférica e até mesmo possíveis sinais de processos evolutivos nos sistemas planetários distantes, contribuindo para um entendimento mais completo da diversidade de mundos no universo.

Mais informações: DOI: 10.48550/arxiv.2506.04923