Vulcão escondido em Marte pode revelar idade do planeta e pistas sobre sua habitabilidade

Cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia revelaram que uma montanha localizada na borda da Cratera Jezero, região onde o rover Perseverance da NASA está atualmente coletando amostras, pode ser na verdade um antigo vulcão. A estrutura, batizada de Jezero Mons, tem quase metade do tamanho da cratera e pode fornecer informações cruciais sobre o passado geológico e climático de Marte. A descoberta reforça a ideia de que a atividade vulcânica foi mais extensa do que se imaginava, e pode ter desempenhado um papel importante na criação de condições favoráveis à vida.
O estudo foi publicado na revista científica Communications Earth & Environment em maio. A pesquisa começou como um projeto de verão realizado por Sara C. Cuevas-Quiñones, então estudante de graduação, hoje mestranda na Brown University. O trabalho também contou com a colaboração do professor James J. Wray e dos pesquisadores Frances Rivera-Hernández e Jacob Adler. Segundo Wray, a descoberta de um possível vulcão em uma das áreas mais estudadas de Marte levanta a possibilidade de que muitos outros vulcões ainda estejam ocultos à vista nas paisagens do planeta.
A montanha havia sido observada por Wray em 2007, quando ainda era estudante de pós-graduação. Na época, a Cratera Jezero tinha acabado de ser descoberta e o foco das imagens estava voltado às evidências de um antigo lago no lado oposto da cratera. Com o pouso do rover Perseverance em 2020, a equipe notou que as primeiras rochas analisadas não eram sedimentares, como se esperava de uma área com histórico de água, mas sim rochas de origem vulcânica. Isso levantou a hipótese de que o material poderia ter vindo da montanha na borda da cratera.
Com a entrada de Cuevas-Quiñones no projeto, a equipe passou a analisar dados de missões orbitais como o Mars Odyssey, o Mars Reconnaissance Orbiter, o ExoMars Trace Gas Orbiter, além dos dados enviados pelo próprio Perseverance. As comparações com vulcões conhecidos na Terra e em Marte mostraram que a montanha compartilha características semelhantes, como composição mineralógica, relevo e estruturas de fluxo. Embora não seja possível confirmar com total certeza sem uma missão direta, os dados reforçam que Jezero Mons é, muito provavelmente, um vulcão antigo.
A possível presença de um vulcão tão próximo a uma área que já teve água torna a Cratera Jezero ainda mais promissora na busca por sinais de vida antiga em Marte. A combinação entre atividade vulcânica e depósitos aquáticos pode ter gerado fontes de calor e ambientes hidrotermais, condições ideais para sustentar vida microscópica. Além disso, se as amostras vulcânicas forem trazidas à Terra, os cientistas poderão utilizar métodos de datação por isótopos para determinar a idade exata das rochas, ajudando a calibrar a cronologia de toda a superfície marciana. Isso abriria uma janela sem precedentes para entender a evolução geológica de Marte e sua possível habitabilidade no passado remoto.
Mais informações: DOI: 10.1038/s43247-025-02329-7