China empresta rochas lunares para os EUA e outros cinco países

A China anunciou o empréstimo de amostras de rochas lunares, coletadas durante a missão Chang’e-5 em 2020, para seis países, entre eles os Estados Unidos. Segundo Shan Zhongde, representante da Administração Espacial Nacional da China (CNSA), essas rochas são consideradas “um patrimônio compartilhado por toda a humanidade”, reforçando o compromisso chinês com a colaboração científica internacional.
Apesar da abertura da China, as relações espaciais com os Estados Unidos continuam restritas. O Congresso americano mantém limitações legais que proíbem a NASA de estabelecer parcerias diretas com a CNSA, o que impede que materiais lunares americanos sejam disponibilizados para cientistas chineses. Essa barreira política reflete as tensões mais amplas entre as duas maiores economias do mundo, mesmo em áreas de interesse comum como a exploração espacial.
Sete instituições acadêmicas e de pesquisa foram escolhidas para receber e analisar as amostras lunares chinesas. Entre elas, destacam-se a Brown University e a State University of New York em Stony Brook, nos Estados Unidos. Também estão incluídas a Universidade de Osaka, no Japão; o Instituto de Física Planetária de Paris, na França; a Universidade de Colônia, na Alemanha; a Open University, no Reino Unido; e a Comissão de Pesquisa Espacial e Atmosférica do Paquistão.
A missão Chang’e-5 foi um marco histórico para o programa espacial chinês. Realizada de forma não tripulada, a operação envolveu múltiplos componentes: um módulo de pouso, um veículo de ascensão, um módulo de serviço e uma cápsula de retorno. A espaçonave pousou na região de Mons Rümker, uma área vulcânica jovem no Oceano das Tempestades, e coletou cerca de 1,7 quilo de material lunar. As amostras foram obtidas tanto da superfície quanto de perfurações de até dois metros de profundidade.
Segundo o Dr. John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington, as rochas trazidas pela Chang’e-5 são aproximadamente um bilhão de anos mais jovens que aquelas recolhidas pelas missões Apollo, realizadas pelos Estados Unidos entre 1969 e 1972. Esse detalhe é de grande relevância científica, pois pode fornecer informações sobre a atividade vulcânica mais recente da Lua e ajudar a refinar a linha do tempo da evolução geológica do satélite.
O sucesso da missão Chang’e-5 consolidou a posição da China como a terceira nação a coletar amostras lunares, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética. Além disso, impulsionou novas missões. Em 2024, a China realizou a missão Chang’e-6, que buscou amostras na bacia do polo sul lunar — uma região de grande interesse por conter algumas das rochas mais antigas conhecidas e, possivelmente, depósitos de gelo de água.
Com a distribuição internacional das amostras da Chang’e-5, a China reforça sua intenção de se posicionar como líder em ciência espacial. Shan Zhongde enfatizou que o estudo desses materiais poderá levar a descobertas científicas significativas, ampliando o conhecimento sobre a origem e a evolução da Lua, além de promover avanços para futuras explorações espaciais que envolvam missões humanas e robóticas.